O que “Germinal” diz sobre a uberização do trabalho

O que “Germinal” diz sobre a uberização do trabalho

Depois de muitos anos, assisti novamente “Germinal”, o filme de Claude Berri, baseado no romance de mesmo nome do escritor francês Emile Zola. O filme, assim como o livro, retrata as cruéis condições de trabalho em minas de carvão no norte da França, nas décadas após a Revolução Industrial. Germinal descreve a diária dos operários irremediavelmente pobres, sem proteção social, cujo salário é proporcional à quantidade de carvão extraída por dia e susceptível às variações do mercado, e às custas da própria saúde (sobre-exposição ao carvão, riscos de desabamento). No final do filme, poderíamos ficar aliviados de pensar que aquela foi uma realidade do século XIX, que felizmente foi retificada por décadas de lutas dos trabalhadores, a declaração universal dos direitos humanos e a adoção de legislações trabalhista. 

Aí você assiste o episódio “Delivery” do Greg News, e não consegue ficar indiferente aos terríveis paralelos: trabalhadores informais sem proteção social e recebendo salários baixíssimos, que dependem da quantidade de entregas realizadas por dia e são susceptíveis às variações do mercado, que colocam a própria saúde em risco (mais ainda durante a pandemia). Empresas que abusam das brechas da legislação para escapar dos vínculos (e responsabilidades) empregatícias, sem sequer se responsabilizar por acidentes de trabalho, que já levaram inclusive à morte.

Recomendo assistir Germinal e logo o episódio do Greg News abaixo, ou pesquisar sobre o tema… Não estaríamos normalizando assustadoramente uma forma contemporânea de exploração laboral?

GREG NEWS | DELIVERY, 17 de abril de 2020
https://www.youtube.com/watch?v=v3B9w6wWNQA

;