Tras instalarse con su familia en un barrio de las afueras de París, Laure, una niña de diez años, aprovecha su aspecto y su corte de pelo para hacerse pasar por un chico. En su papel de "Michael", se verá inmersa en situaciones comprometidas; y Lisa, una chica de su nuevo grupo de amigos, se siente atraída por ella. (FILMAFFINITY)

Tomboy

Tomboy &eacute; um lindo filme franc&ecirc;s que trata do n&atilde;o-conformismo &agrave; sua identidade de g&ecirc;nero de uma crian&ccedil;a pr&eacute;-adolescente. No filme, a diretora C&eacute;lina Sciamma cria um ambiente onde co-existem as identidades de g&ecirc;nero masculinas e femininas. De um lado, a irm&atilde;zinha de Laure/Micka&euml;l, bem como sua m&atilde;e (gr&aacute;vida) e sua amiga Lisa, d&atilde;o vida ao universo feminino com refer&ecirc;ncias &agrave; feminilidade &ldquo;tradicional&rdquo;: cabelo comprido, vestido, maternidade etc&hellip; De outro lado, os meninos da turma de Laure/Micka&euml;l definem o que &eacute; ser homem: correr, jogar futebol, fazer xixi de p&eacute;, ficar sem camisa, cuspir no ch&atilde;o, lutar de brincadeira, brigar.
A personagem de Lisa, &uacute;nica menina na turma de amigos, evidencia como os aspectos definidores do universo masculino excluem desde logo as meninas. Em uma brilhante cena, Lisa observa os garotos jogarem futebol e diz a Laure/Micka&euml;l: &ndash; &ldquo;Voc&ecirc; tamb&eacute;m n&atilde;o gostaria de jogar?!&rdquo; E ela responde para si mesma: -&ldquo;Bem, na verdade, eles n&atilde;o me deixam jogar, dizem que sou ruim!&rdquo;. No dia seguinte, Laure/Micka&euml;l entra no jogo de futebol: corre e chuta do mesmo jeito que os meninos de sua idade correm e chutam.
Portanto, por meio da personagem de Laure/Mickael, a diretora C&eacute;line Sciamma questiona a dicotomia das identidades de g&ecirc;nero e introduz a possibilidade de subvert&ecirc;-las. O corpo &eacute; central nessa quest&atilde;o: em diversas cenas Laure/Micka&euml;l observa seu pr&oacute;prio corpo como se estivesse comparando-o com os corpos do seus amigos. De igual modo, a diretora sutilmente questiona as normas corporais, como &eacute; o caso da for&ccedil;a f&iacute;sica: Laure/Micka&euml;l consegue ganhar uma brincadeira de luta contra um menino do seu tamanho e logo em seguida uma briga de verdade! Ao longo do filme fica claro que as supostas diferen&ccedil;as entre meninos e meninas est&atilde;o muito mais relacionadas com os h&aacute;bitos na utiliza&ccedil;&atilde;o dos seus corpos do que propriamente com a reais diferen&ccedil;as f&iacute;sicas entre eles, mais ainda quando se trata de crian&ccedil;as pre-adolescentes. Enquanto os meninos correm e buscam &ldquo;ser fortes&rdquo; durante a inf&acirc;ncia, as meninas nem tanto (porque elas n&atilde;o querem? porque isso n&atilde;o &eacute; considerado &ldquo;brincadeira de menina&rdquo;?).
Tomboy prop&otilde;e ainda uma reflex&atilde;o sobre a constru&ccedil;&atilde;o de normas de comportamentos feminino e masculino antes da puberdade. Desde cedo, h&aacute;bitos e brincadeiras de crian&ccedil;a come&ccedil;am a definir os universos aos quais ir&atilde;o pertencer umas e outros. O filme questiona o que acontece quando algu&eacute;m &ndash; no caso, uma crian&ccedil;a &ndash; n&atilde;o aceita conformar-se aos comportamentos previamente formatados pela sociedade. Como reagem os &iacute;ndividuos quando s&atilde;o confrontados &agrave; transgress&atilde;o desses normas? No filme, ao descobrirem que Micka&euml;l &eacute; Laure, as crian&ccedil;as t&ecirc;m uma rea&ccedil;&atilde;o muito negativa: &eacute; t&atilde;o forte o padr&atilde;o formatado, que at&eacute; as crian&ccedil;as j&aacute; o absorveram ao ponto de reagir de forma violenta.